sexta-feira, 28 de março de 2008

És o meu amor doente.


Quando eu morrer vais lembrar-me? Vais pensar em mim, vais guarda-me em ti, e vais lamentar o que não vivemos? Eu vou.
És o meu amor doente. Ouço-te do interior da minha voz, brincas nas nuvens coloridas da minha alma, praguejas a minha felicidade. Em ti, tudo aquilo que não vou sendo, tudo aquilo além do que vou sendo. O teu toque: que me devora os ossos, me corrompe a carne e me estala a pele.
Quero-te no meu sono.
Porque te escolho, neste sussurro sem retorno?
Eu sei, foi sem querer. Atraíste-me para o campo magnético do teu corpo, afundaste-te com desejo no meu. Ainda tenho o cheiro do teu suor, o calor da tua mão humedecida. Deixa-me morrer dentro de ti, consegues ouvir-me? Em que palavra a minha voz se partiu dentro de ti? Eu oiço-te, oiço a música das tuas lágrimas imateriais. Eu sinto-te.
Assassino incompetente, não és capaz de furar a espessura da espera e correr para mim. Porque não vens? Porque não matas este amor de vez? Mas fá-lo com garra, com raiva, não nos partas com dolência nem com mansidão, porque nós não somos assim.
De qualquer maneira, vem. Vem e vem depressa, ferozmente, loucamente, que assim é que se faz. E não chegues amanhã, amanhã é amanhã, e no amanhã a gente morre. E depois, como era? Não era. E tem de ser. Não tem?

sábado, 15 de março de 2008

Um pouco de sensatez se faz favor

Hoje parece tudo muito fácil de mudar – “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” – mas não só as vontades, agora muda-se tudo! Até já a própria língua, a excelentíssima literatura, não tem mais descanso.
Repare-se na normalidade com que se fala na introdução dos vocábulos do português do Brasil no português de Portugal, como se tal nada alterasse a nossa História e de protocolos não passassem. O Camões, o Pessoa, todos os Grandes da “ocidental praia lusitana”, onde quer que estejam devem com certeza andar aos saltos de indignação. Ora onde já se viu, depois de tantos anos a trabalhar na elaboração desta língua tão distinta e tão rica, para presentemente, assim do nada, perder tudo quanto ganhou; e deixar o vento levar esta amálgama de sabores e dissabores, com o pesaroso tom das nossas palavras, o fulgor entoo da nossa paixão, para os ventos do norte, daquele norte das memórias, das lamentações: dos esquecidos.
Não percamos os nossos egrégios pretéritos e guardemo-los para as próximas estirpes, com um pouco de sensatez e de coerência, se não for pedir de mais.

segunda-feira, 10 de março de 2008

1/4 de clique


Conheci-te e, logo no primeiro momento, senti algo extraordinário crescer dentro de mim. Pensei, para mim mesma, que tinha chegado o meu momento... tinha encontrado a "tal pessoa", o clique surgiu!
Uma atracção física enorme e uma sintonia perfeita transformavam os nossos momentos em algo intenso e surpreendente.
Os momentos foram passando... a paixão desvaneceu no ar, a loucura enfraqueceu,a intensidade foi diminuindo e, entre nós, ficou o hábito.
O hábito do beijo apaixonado, do abraço sentido, do toque penetrante, do querer...
É tão fácil imaginar que tudo vai resultar no princípio, construir castelos no ar e voar, voar até bem longe onde ninguém nos corte as asas da felicidade .
Depois cai o pano da esperança e, à nossa frente, está apenas a realidade.
Não foi clique, não eras o tal... foste somente 1/4 de clique.

quarta-feira, 5 de março de 2008

uma palavra esquecida


" Delicadeza: esta é a palavra que expressa um sentimento cada vez mais difícil de encontrar.
Todos nós já passamos muitos dias ou semanas inteiras, sem receber nenhum gesto de carinho do próximo - são períodos difíceis, quando o calor humano desaparece, e a vida se resume a um árduo esforço de sobrevivência.
Nos momentos em que o fogo alheio não aquece a nossa alma, devemos examinar a nossa própria lareira. Devemos colocar mais lenha e tentar iluminar a sala escura em que a nossa vida se transformou.
Se somos capazes de amar, também seremos capazes de receber amor: é apenas uma questão de tempo. E para isso, mais que nunca, precisamos lembrar-nos da palavra esquecida: delicadeza"

Quando li este texto não pude deixar de querer partilhá-lo. Sei que muitos de nós anseiam por encontrar o amor e precisam dele para a sua sobrevivência. Mas, é importante saber que o amor está em todo o lado e onde menos se espera.
Não sei se tu se resume à palavra delicadeza, acho que não! Mas o carinho e o afecto são gestos que, na sua ausência, nos transformam em pessoas sós e carentes. Não recebemos e, por isso, esquecemos de dar. Numa questão de tempo, tudo à nossa volta se transforma e a vida parece perder toda a cor e beleza.
Não me falem em esperança e naqueles ditados em que dizem que quem espera sempre alcança... tretas!!
Se não lutamos pela nossa felicidade e procuramos o que queremos , ela não bate à nossa porta!