Hoje parece tudo muito fácil de mudar – “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” – mas não só as vontades, agora muda-se tudo! Até já a própria língua, a excelentíssima literatura, não tem mais descanso.
Repare-se na normalidade com que se fala na introdução dos vocábulos do português do Brasil no português de Portugal, como se tal nada alterasse a nossa História e de protocolos não passassem. O Camões, o Pessoa, todos os Grandes da “ocidental praia lusitana”, onde quer que estejam devem com certeza andar aos saltos de indignação. Ora onde já se viu, depois de tantos anos a trabalhar na elaboração desta língua tão distinta e tão rica, para presentemente, assim do nada, perder tudo quanto ganhou; e deixar o vento levar esta amálgama de sabores e dissabores, com o pesaroso tom das nossas palavras, o fulgor entoo da nossa paixão, para os ventos do norte, daquele norte das memórias, das lamentações: dos esquecidos.
Não percamos os nossos egrégios pretéritos e guardemo-los para as próximas estirpes, com um pouco de sensatez e de coerência, se não for pedir de mais.
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2 comentários:
Não imaginas o quanto me revolta essa mudança na nossa ortografia...
Acção passar a ser ação
Tecto passar a ser “teto”
Francamente… porque andámos nós a estudar se mudam a nossa ortografia? Será que temos mesmo que mudar a nossa ortografia, só para nos adaptarmos?
Enfim… há tanta coisa que se deveria actualizar (ou atualizar?) e só se actualiza o que não se deveria mexer…
Outra actualização, com a qual não concordo, e apesar dessa não ter nada a ver com o teu texto, tem a ver com a igreja:
“voltar a receber a comunhão na boca e não nas mãos”
Agora que todos se estavam a habituar a receber a hóstia na mão, é que querem acabar com isso?
Que falta de higiene…
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