A vida sabe-me a monotonia e a minha consciência impele-me para outra realidade. Estou saturado deste dia-a-dia; anseio pela desopressão. Ao caminhar pela avenida, coberta de alqueives, sinto entranhar-se em mim uma dor medonha, implacável. Sem olhar para trás, deixo sonhos, incertezas, desejos, convicções. Não sei quem fui, quem sou, quem serei: passado, presente e futuro - três consciências no anexo do ilimitado. Estou disperso no espaço ambíguo do meu ser, consumido por um amor que me possui e corrói. Lugares. Rostos. Distâncias. Angústias esquecidas. Afectos por dar. Num dado tempo, talvez num vasto local, livre de perigos e dificuldades; o açoitar da chuva nas janelas cinge-se com o vento à beira de um precipício e um coral de jardim esconde-se no recôndito do coração. No horizonte cresce o meu destino e ao sabor das ondas ouve-se o cantar das sereias no nevoeiro. Até porque depois do adeus vens tu e depois da morte venho eu.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
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3 comentários:
Por vezes a vida torna.se monotona, sim! É precisamente uma coisa que não compreendo pois nunca passei por ela! Nada acontece, nada se passa... Mas será que isso não será loucura?? Digamos que o movimento continuo e precisamente repetitivo é sinal de loucura... a ambiguidade que passa na nossa cabeça cobre a nossa vida de tal forma que o real deixa de o ser e passa a exercer a forma de um quadro que pintaríamos no momento em que uma tela se posiciona.se a nossa frente e a nossa mão se move.se abstratamente!
Ou será que é esta vida monotona que nos leva à loucura... escolher o caminho não é facil!! Então vira.se uma pagina da vida... não se dá conta do que perdemos, daquilo que nos marcou, do que ficou no nosso quadro, a nossa tela... A vida está mesmo a frente e o braço esta cada vez mais perto de a agarrar... aí é nesse momento que a realidade nos abre os olhos... destraidamente vemos que caimos na ilucidez do olhar as gotas da chuva na janela... essas gotas de chuva são o que nos quer acordar... as pessoas, os rostos que nos querem bem...
Sinceramente, acho que o valor sentimental é hoje importante... nem sempre nos conseguimos exprimir da melhor maneira e como queremos... os momentos intensos ja não se conseguem dialogar... a nossa sociedade esta cada vez mais a cair no erro de perder esse dom! Acho que precisamos cada vez mais de sentirmos...
Cabe.nos então a nossa procura do verdadeiro produto dos sentimentos... a multiplicação cujas parcelas são realmente reais e não ambiguas!
adoro esse teu texto!
a quantidade de vezes que dou por mim a pensar a mesma coisa, à procura de mim na imensão de coisas que desconheço. a vontade de sentir que não tinha, não sou, não quero nada, logo depois invadida pela certeza da necessidade de querer. oh, é nessas alturas q sabem bem as pessoas como tu :)
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